Falar sobre seus sentimentos não importa pra ninguém além de você mesma
Às vezes, tenho a sensação esmagadora de que meus sentimentos só existem para mim. Não culpo os outros por isso — afinal, quantas vezes eu mesma deixei de me importar com o que os outros sentiam? O problema é que, enquanto eles conseguem seguir adiante, eu fico presa nesse turbilhão. Sinto tanto que chega a doer, mas o pior não é a intensidade: é não saber como sentir, quando me importar.
Experimentar emoções intensas é como carregar um fantasma dentro de mim. Por mais que eu tente afogá-lo em distrações ou racionalizações, ele sempre volta. Aparece nos meus pesadelos, transforma pequenos desvios da rotina em crises de pânico e me lembra que não há fuga possível. Desenvolvi um bloqueio tão grande que não consigo derramar uma lágrima por filmes tristes ou notícias chocantes, mas desabo quando o ônibus atrasa ou quando alguém cancela um plano. É como se meu corpo tivesse criado seu próprio sistema de alarme, completamente desconectado da lógica.
O mais contraditório é essa dualidade: sentir tudo e nada ao mesmo tempo. Há dias em que me importo tanto com os outros que me esqueço de mim mesma, e outros em que não consigo me conectar com ninguém — nem mesmo comigo. Nem eu mesma entendo essa confusão, então como esperar que os outros entendam?
Vivemos em um mundo onde todo mundo está tão ocupado lutando suas próprias batalhas que a escuta genuína se tornou um luxo. Às vezes, penso que a única vez que alguém realmente me ouve é durante a terapia. Mas então me lembro: aquela escuta é profissional, paga. E essa realização é talvez a mais solitária de todas — a de que, no fim, estamos todos sozinhos em nossos universos internos, gritando em silêncio.
Talvez a verdade mais dura seja essa: nossos sentimentos só importam de verdade para nós mesmos. E talvez, em vez de lutar contra isso, eu precise aprender a abraçar essa solidão. Não como uma derrota, mas como um pacto de honestidade comigo mesma. Porque se ninguém mais vai entender, pelo menos eu posso tentar.
me sinto muito como você, mas leve isso pra terapia também. as vezes penso que só minha terapeuta me entende, até lembrar que é isso, ela é paga pra me entender. mas esse sentimento de solidão e de martírio não é saudável, por mais bizarra que seja essa ideia existem pessoas que se importam genuinamente. Um desafio é não viver à procura delas, e o outro é não cair no isolamento quando nos sentimos incompreendidos, não fomos feitos pra sermos sozinhos. lidar com o outro, com nós mesmas + o outro, por mais difícil que seja, é uma das belezas de estar vivo. não desista de se fazer entender e se entender 🫶🏻